terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Entre-abismos-amor-distante-se-sente

Amor fati, que ideia, como é fácil e redundante aceitar e amar tudo o que possa acontecer, ame a derrota, as desgraças, as desonras, tudo é uma grande prova de força. Olhe ao redor, o que faz você viver? O que faz você levantar de manhã? Sonho de um futuro melhor, só o vir a ser interessa... Quero amar o agora, quero ter o tempo em minhas mãos, quero ver o todo, quero olhar o pôr do sol, caminhar a noite sob a luz das estrelas, ouvir a voz da minha consciência, não quero esperar, não quero mais aguardar o tempo se esgotar, esperar as coisas melhorarem... Amor Fati!

Não sei o que quero, queria saber, só não quero sofrer. Ando procurando o olhar da vida, mas se caso encontrasse, sei que não conseguiria sustentar seu olhar, meu tempo passou? Sinto, não sei mais o que esperar, só o fim talvez.

A liberdade do vazio, a serenidade e a paz do equilíbrio. Quando tudo perde a significação aparente as coisas se tornam apenas receptáculos vazios, múmias a se esfarelar no vento, é aí que a verdade se revela diante dos olhos recém despertos. Observo um novo mundo, um estado de consciência distinto, o sangue pulsa nas veias, o ar nutre os pulmões e aquece o peito, o coração parece bater mais forte, mais sincero e tranquilo. Os medos nos abandonam, os receios e expectativas se esgotam de sua voracidade e todo temor arrefece diante do gritante silêncio, do grande vazio que somos preenchidos.

"Porque perdes tempo tolo? Vá! Sejas enfim dono de ti e de suas asas! Tu és leve, muito mais leve do que pensas, pois não carregas nada dentro de ti, nada que não tenha escolhido carregar."



Uma dor se revela uma dádiva que esvazia a alma, mas nos liberta, nos acolhe e nos transforma em algo novo! Pois é isso que significa viver, estar vivo, criar!

Você já pensou no porque fazemos o que fazemos? Porque levantamos todos os dias, escovamos os dentes, tomamos café da manhã e vamos trabalhar e afundar a maior parte de nossas vidas, nossos desejos, nosso tempo em atividades monótonas e totalmente desprovidas de significados? Eu pensei, porque hoje eu devia ir fazer esse bendito trabalho que nada diz pra mim, nada significa? O que eu, bem no fundo gostaria de fazer? 

Acho que minto, não sei me expressar, mas sei o que quero.

Sabe, existe um freio, uma construção mental tão meticulosa e enraizada que nem sequer nos damos conta de que essa construção nos é alheia, ela nos esconde as chaves das nossas mais profundas emoções e vontades... essa entidade está em constante conflito com o eu, eu não diria o eu verdadeiro, mas o eu mais sincero, o eu profundo. 

Essas entidades lutam constantemente por influência, pra encontrar o equilíbrio é necessário uma desconstrução de si mesmo, destruir e demolir, esvaziar a alma e sentir o mais perturbador dos vazios, só então podemos entender e enxergar as coisas, ver além do véu da superfície.